
Quando o presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB -, Roberto Jefferson, passou o comando estadual da legenda para Delcídio do Amaral, o que ele esperava era que a estrela do ex-senador brilhasse e que ele fosse capaz de promover o crescimento do partido tornando-o grande novamente como nos tempos em que esteve sob o comando do saudoso ex-governador do Estado, Pedro Pedrossian.
Ledo engano.
O ex-senador não atendeu às expectativas da direção nacional do partido e o PTB, ao invés de crescer, murchou, tornando-se um penduricalho no currículo político de Delcídio que, na eleição passada, simplesmente deu nas costas aos candidatos petebistas de praticamente todo o Estado.
O abandono a que Delcídio legou o PTB fez com que a legenda não tivesse sequer chapa de candidatos a vereadores em dezenas de municípios de Mato Grosso do Sul, alguns emblemáticos como Maracaju, onde o partido já chegou a eleger prefeito municipal no passado.
No pleito eleitoral passado, a reclamação dos petebistas que se mantêm fiel ao legado de Getúlio Vargas refere-se ao fato de Delcídio ter se preocupado com apenas dois municípios, Corumbá, sua cidade de origem, e Campo Grande, onde negociou unilateralmente com o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e jogou a chapa de vereadores petebistas no colo da reeleição do atual chefe do Executivo Municipal.
Depois de “entregar” o partido de bandeja ao prefeito Marquinhos, o ex-senador desapareceu do mapa e o PTB só não sumiu também graças ao desempenho individual do advogado Willian Maksoud que, com o empenho de dezenas de “cabos eleitorais de luxo”, conseguiu se reeleger com base no coeficiente eleitoral.
No âmbito estadual, o partido que foi para a eleição com 34 vereadores só não diminuiu ainda mais de tamanho, graças ao empenho do deputado estadual Neno Razuk. Representante da legenda na Assembleia Legislativa, ele partiu para o corpo a corpo nos municípios da sua região, Dourados, e conseguiu eleger 19 vereadores.
Além dos 19 vereadores da “cota” de Neno Razuk, o PTB elegeu mais 13 representantes em outros municípios de Mato Grosso do Sul, perdendo dois representantes no número final de eleitos em relação ao pleito eleitoral de 2018.
No plano do Executivo, o partido só conseguiu eleger o prefeito de Figueirão, Juvenal Consolaro, mas também sem nenhum apoio do ainda presidente regional do PTB, Delcídio do Amaral. Juvenal Consolaro é um dos militantes mais antigos do PTB do interior do Estado e construiu sua liderança no âmbito municipal sem o apoio do figurão ex-petista.
DESTOANDO – Outra reclamação dos petebistas de Mato Grosso do Sul é que Delcídio do Amaral, além de ter enterrado o PTB estadual e sentado em cima da sepultura, ainda age na contramão da orientação partidária em nível nacional.
Enquanto o presidente Roberto Jefferson e os membros da direção nacional atuam muitos próximos do presidente Jair Bolsonaro e o partido é cotado até mesmo para indicar um membro para o Ministério do presidente, o ex-senador do PT vive alfinetando o governo federal, num confronto direto com o pensamento partidário brasileiro.
Para os mais tradicionais petebistas de Mato Grosso do Sul, ou a direção nacional do PTB enquadra Delcídio do Amaral ou terá de tomar uma decisão mais drástica retomando o comando do Diretório Nacional e o repassando a alguém realmente compromissado com o ideário partidário, sob pena do partido desaparecer em nível estadual já na próxima eleição.